Este livro nasceu de entusiasmo. Depois de viver anos em Nova York, trabalhando como jornalista, senti que a mídia não dava muito espaço às histórias de imigrantes brasileiros. O que saía em jornais ou revistas eram casos extremos – ou de um fulano que ficou milionário, ou de um beltrano que foi deportado. Mas...
e o cotidiano desses brasileiros? O que lhes fazem deixar a casa, o cafezinho e
a comida da mãe para enfrentar a cidade mais competitiva do mundo? Sentem saudade? Solidão? Quais são seus maiores desafios? Querem voltar para o Brasil? O que Nova York lhes ensinou? E vice-versa.
Fui atrás destas respostas buscando “personagens” pela cidade. Estabeleci três critérios: ter profissões diferentes entre si, morar na cidade de Nova York e não pertencer ao meu grupo mais íntimo de amigos. Alguns eu já conhecia, como o Vinicius Silva, a Angélica Vieira, o Carlos Miele, o Vik Muniz, a Roberta Mazzariol,
a Sonia Col, o Pedro Ramos, o Jelon Vieira, e a Luciana Pajecki. Outros foram indicados por conhecidos. Todos, sem exceção, receberam o projeto sorrindo. Talvez seja a necessidade de ser ouvido e ter com quem compartilhar tantas experiências. Achar tempo na agenda desta gente foi missão quase impossível, mas entrevistei cerca de 30 pessoas. Por questões de espaço, apenas 23 deles entraram no livro.
Os entrevistados tiveram liberdade de escolher o local para o bate-papo e para
as fotos (tiradas em dias diferentes aos da entrevista). Não houve pré-entrevistas, cada um foi ouvido uma vez. Os relatos são todos escritos em primeira pessoa, mantendo, inclusive, as palavras em inglês, coisa que faz parte da fala de todos. Meses depois, convidei para o projeto a ilustradora Joana, que também mora em Nova York; numa bela tarde, sentadas no chão de uma livraria, tivemos a idéia de ela pintar a quadra onde cada personagem mora ou trabalha. Tudo isso foi brilhantemente paginado pela Sylvinha, que vive no Rio de Janeiro.
Meu maior medo era obter histórias repetitivas. Afinal, são todos brasileiros vivendo na mesma Babel. Contudo, me surpreendi: cada entrevistado vem de um canto do Brasil e tem uma razão para estar em Nova York. E cada um enxerga e vivencia a cidade de uma forma diferente. São histórias singulares unidas por uma característica: a perseverança. Além disso, todos eles comparam Nova York ao Brasil; de um parágrafo para o outro falam bem e mau de ambos lugares. Por meio destes relatos, pretendo mostrar os pontos em que o Brasil pode melhorar, se comparado aos Estados Unidos. Acredito que esta seja a função e compromisso de quem tem ou teve a oportunidade de viver numa sociedade mais justa e funcional, como a americana: dar e doar ao Brasil os aprendizados adquiridos em Nova York - seja por meio da filantropia, investimentos ou educação.
Enquanto isso acontece lentamente, neste livro estão 23 histórias que foram deliciosas de escutar, deliciosas de escrever e, espero, deliciosas de ler. Boa leitura!
Tania Menai
“Não sei se este projeto nasceu para a Tania ou a Tania para o projeto. Quem melhor para dar voz aos brasileiros de Nova York do que esta brasileira nova-iorquina, ou será nova-iorquina brasileira, que vive, descreve e escreve a vida da cidade? Em Nova York desde 1995, a jornalista Tania Menai, aproxima os Estados Unidos e a capital do mundo dos leitores brasileiros com seu olhar curioso e sua caneta hábil. Desta vez, ela leva ao Brasil, os brasileiros que, como ela, vivem e constroem esta Babel moderna. Boa viagem!”
Ricardo Amorim, apresentador do Manhattan Connection e diretor do banco WestLB
“A delícia (e também a riqueza) deste livro é que, através dos mais diferentes tipos de brasileiros, famosos e anônimos, ricos e pobres, exóticos ou previsíveis, não importa de onde tenham vindo do Brasil, mostra-se a essência da alma nova-iorquina.”
Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo e fundador da Cidade Escola Aprendiz
“Não sei se Tania é escritora , psicóloga ou jornalista. Só sei que ela tem de sobra, algo que falta a muitos dos representantes de todas estas as categorias: leveza. Tania não escreve para os coleguinhas, nem para a Academia. Escreve para gente. Sem deixar de construir com competência, tramas finas feitas de palavras,ela vai direto ao ponto. E o ponto, você sabe, passa sim pelo cérebro,mas é , no final, o coração.”
Paulo Anis Lima, editor da revista TRIP e fundador da editora de mesmo nome